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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Os Expostos da Roda de Góis
Das "voltas" que vamos dando pela Net, encontrei um trabalho de João Alves Simões, realizado em 1999, para a obtenção do grau de Mestre na Faculdade de Letras da Univ. do Porto, sobre os Expostos da Roda de Góis de 1784 a 1841.
Por achar o tema interessante e actual (infelizmente as crianças abandonadas são, ainda hoje, uma realidade) e porque, como irão verificar, tem uma ligação ao Tarrastal, vou procurar fazer um resumo da informação contida nesse documento.
A Ordem Circular de 24 de Maio de 1783 previa que em cada concelho existisse uma "Casa da Roda". Essas casas tinham por missão acolher as crianças aí abandonadas - os Expostos - e com a particularidade de não ser possível conhecer/identificar as pessoas que ai as abandonava.
Estas instituições visavam dar resposta á necessidade de aumentar a população e, através do suporte dado ás crianças abandonadas, evitar a sua morte. As crianças mantinham-se sob a protecção destas casas até aos 7 anos de idade. Considerava-se que com essa idade a criança já tinha condições trabalhar e ganhar o seu sustento.
A vila de Góis rapidamente deu resposta a esta circular pois o primeiro registo de um exposto é datado de 26/03/1784 com o nome de H. Benedito. O registo do último é de 26/05/1841. Ao todo, calcula-se que serão 507 os expostos da Roda de Góis.
De acordo com a tradição oral, a Roda funcionou em Góis numa casa que existe na rua que conserva esse nome - Rua da Roda - situando-se ao fundo, à direita.
A casa estaria, nessa época, fora da vila o que facilitava o processo - as pessoas podiam ir sem ser vistas, principalmente durante a noite, facilitado pela falta de iluminação nocturna.
A designação de "Roda" resulta do processo como eram recolhidas as crianças. Existia numa das paredes uma roda ou tambor giratório em que se exponham as crianças. Era tocada uma sineta a avisar da chegada dos expostos e a Ama Rodeira fazia então girar o tambor e recolhia a criança. Desta forma era salvaguardada a entidade de quem tinha entregue a criança. A Ama Rodeira deveria providenciar de imediato alimento e aconchego ao exposto.
Por regra, a estrutura de empregados de uma "Casa da Roda" era constituída por 1 Directora, a Ama Rodeira, uma Servente e as Amas de Leite necessárias.
As amas tanto poderiam ser internas como externas (ou de fora). É a estas últimas que são, após a prestação dos primeiros cuidados, entregues as crianças expostas para serem criadas até aos 7 anos.
As amas ficam obrigadas a providenciar comida, cama e roupa, ou seja, tratá-los como se fossem seus filhos e em troca recebem um vencimento pago pela Câmara.
Na Roda de Góis, a exemplo do que se verificava noutras instituições, identificaram-se casos em que os expostos eram filhos das próprias amas. Desta forma, as mães procuravam obter um rendimento extra através do vencimento que auferiam como amas e proporcionar melhores condições de vida para toda a família.
É no capítulo das amas que aparece o Tarrastal pois, de acordo com os dados disponíveis, existiu 1 ama nesta localidade. Está identificada com o nome Josefa Rodirgues, esposa de Aurélio Luis que terá tido a seu cuidado 3 expostos - Novembro de 1794, Dezembro de 1797 e em 1799.
As condições de vida e o nível de pobreza a que a maior parte da população estava sujeita encontra-se bem vincada no documento que inicialmente referi pelo que aconselho a sua consulta caso pretendam uma informação mais completa e detalhada.
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